O ramo editorial passa por um crescimento desenfreado da concorrência, e não exatamente em razão do aumento na quantidade de editoras. Se, em um passado não tão distante, a competição era exercida quase que exclusivamente por editoras formais, na atualidade somaram-se a essas empresas milhares de autores que publicam por conta própria — em formato digital, principalmente.
Na área de textos acadêmicos, por exemplo, há muita gente boa publicando conteúdos de qualidade que não aparecem nas estatísticas de venda mas corroem sensivelmente o faturamento de títulos consagrados.
É fato que nesse novo mercado há um volume substancial de conteúdos de pouco valor, produzidos por autores caça-níqueis, mas tenho lido bons textos que suprem convenientemente o que os leitores desejam.
Parece-me que as editoras estão pouco atentas a esses novos entrantes, muitos dos quais estão conseguindo resultados financeiro animadores, o que atrai ainda mais concorrência. É claro que essa turma dificilmente teria estrutura para escrever e publicar grandes tratados coletivos, mas, por outro lado, sobra-lhes agilidade para atualizar seus produtos com frequência e, também, para dar-lhes suporte multimídia, criar conjuntos de conteúdos complementares ou suplementares em que a venda de um item puxa a de outro.
O que fazer para sustar essa sangria?
Essa é uma tendência sem volta, destinada a crescer. Então, o que fazer para sustar a sangria?
Há diversas soluções possíveis, mas as duas principais (e não excludentes) seriam:
- Captar esses autores mostrando-lhes as vantagens de contar com uma boa estrutura de produção distribuição e divulgação para que eles se dediquem exclusivamente à criação de conteúdo. Claro que, para isso, as editoras precisam que essas suas áreas sejam realmente efetivas, ágeis, e não entidades burocráticas pesadas. Afinal, os novos autores dominam as redes sociais, são como guepardos com fôlego de gnu, e não gnus com fôlego curto de guepardo.
- Conscientizar-se de que o mercado mudou, formar autores que tenham essa nova mentalidade, conscientizar os antigos para a necessidade imperiosa de mudança. O novo momento do universo didático não é propício para conteúdos estáticos, maçantes, mas sim para materiais atraentes, objetivos, rápidos, práticos.
E qual é o mercado atual? Não é, certamente, o do estudante de um passado remoto, aquele que comprava livros impressos que o professor indicava. E estudava por eles.
Os estudantes de hoje têm dificuldade em lidar com conteúdos convencionais. Não querem estudar, mas passar, magicamente. Os autores independentes descobriram isso há tempos.