Hernán Cortés é uma figura histórica que frequentemente é lembrada por sua ousadia e determinação, características que se destacaram durante sua expedição ao México no início do século XVI. Em 1519, ao chegar às costas do que hoje conhecemos como México, Cortés tomou uma decisão drástica que se tornaria lendária: ele ordenou que seus navios fossem queimados. Este ato simbólico tinha um propósito claro e audacioso — eliminar qualquer possibilidade de retorno para a Espanha, forçando seus homens a se comprometerem totalmente com a conquista do Império Asteca.
A decisão de Cortés de queimar os navios é frequentemente interpretada como um exemplo de liderança destemida e comprometida. Ao remover a opção de recuar, ele garantiu que seus soldados estivessem totalmente focados na missão à frente. No entanto, essa estratégia também pode ser vista como um ato de desespero e falta de planejamento, pois eliminou qualquer rota de fuga ou possibilidade de reabastecimento, colocando sua expedição em uma situação de risco extremo.
Essa história pode ser usada como uma analogia para práticas de gestão modernas, especialmente no contexto de decisões empresariais também arriscadas ou temerárias, como a demissão de uma equipe inteira com a intenção de reconstruí-la do zero. Assim como Cortés queimou seus navios, alguns administradores optam por “queimar” o capital humano de um departamento, acreditando que uma nova equipe trará inovação e eficiência. No entanto, essa abordagem pode ser tão arriscada quanto a de Cortés.
Em muitos casos, as equipes precisam, mesmo, ser totalmente remodeladas, em especial quando há nelas “maçãs podres” que disseminam seu negativismo para o restante do pessoal. Porém, quando uma empresa decide pela demissão em massa, ela não apenas perde o conhecimento acumulado, como também enfrenta o desafio de reconstruir rapidamente a dinâmica de trabalho e a cultura organizacional.
O histórico de um departamento, que inclui processos estabelecido e um entendimento profundo das operações, é um ativo valioso que, uma vez perdido, pode levar anos para ser recuperado. Além disso, essa decisão pode gerar insegurança e na empresa como um todo.
Portanto, assim como a decisão de Cortés de queimar seus navios foi um movimento de alto risco, a demissão de uma equipe inteira pode resultar em transtornos significativos para uma organização. Em vez de optar por medidas tão drásticas, os líderes empresariais devem considerar abordagens mais equilibradas, que corrijam os problemas por meio do desenvolvimento e da capacitação contínua de seu pessoal. Assim, é possível evitar os erros do passado e construir um futuro mais sólido e sustentável para a organização.